Exame que utiliza o aparelho de ultrassom para avaliar o crescimento, posição e vitalidade do bebê
Gestar é o momento mais especial na vida de uma mulher e vem repleto de alegrias, inseguranças, dúvidas e memórias. Inúmeras lembranças tornam-se inesquecíveis, mas, sem dúvida, uma das mais especiais é ouvir o coração do bebê pela primeira vez. E esse momento só pode ser possível realizando a ultrassonografia obstétrica.
Nesta página compreenderemos o que é a ultrassonografia obstétrica, como é realizada, quando deve ser feita e o que ela pode detectar.
Quero realizar uma ultrassonografia obstétrica!
O que é ultrassonografia obstétrica?
A ultrassonografia obstétrica é um exame realizado com o principal objetivo de analisar o bem-estar do bebê em desenvolvimento.
O princípio da ultrassonografia obstétrica é a geração de imagens a partir da emissão e reflexão de ondas sonoras de alta frequência. O ultrassom não pode ser ouvido por seres humanos, pois possui frequência acima da nossa capacidade de audição. Esse princípio é semelhante ao utilizado pelos sonares, radares e sistemas de localização.
O transdutor do aparelho de ultrassom emite ondas sonoras através de pequenos cristais e os recebe de volta após refletir no bebê. As informações de distância de cada onda emitida são captadas e processadas por um computador, produzindo imagens que o médico e a paciente podem visibilizar e interpretar.
A reconstrução da imagem pode ser bidimensional (preto e branco), tridimensional (ultrassom 3D), tridimensional com movimento (ultrassom 4D), ou pode avaliar o fluxo dos vasos (Dopplervelocimetria).
A principal dúvida em relação à ultrassonografia obstétrica é: “Ela é segura?”
A ultrassonografia obstétrica é segura para o bebê, mesmo com idades gestacionais iniciais. Estudos demonstram que a potência utilizada pelos aparelhos de ultrassom não é capaz de aumentar a temperatura de embriões, pois há perda do calor nos tecidos maternos. Mesmo se considerássemos a incidência direta em todo o embrião, o aumento da temperatura seria apenas de 0,2ºC, incapaz de gerar malformações.
Como a ultrassonografia obstétrica é feita?
A ultrassonografia obstétrica é realizada de forma diferente de acordo com a idade gestacional.
No primeiro trimestre, em virtude do pequeno tamanho do embrião, é necessário realizar o exame por via vaginal. O transdutor, sempre higienizado previamente com desinfetante hospitalar de secagem rápida (Optigerm, SurfaSafe), é recoberto por preservativo e introduzido por via vaginal com uso de gel hipoalergênico à base de água.
No segundo e terceiro trimestres, o exame é realizado por via abdominal com a paciente em posição semi-sentada, ou seja, com o encosto elevado. Essa posição é fundamental, pois o peso do útero pode comprimir uma veia do abdome que se chama cava inferior. Esta compressão pode fazer a pressão arterial materna cair rapidamente, provocando até desmaios.
O médico utiliza o transdutor do ultrassom como se fosse uma câmera, sendo possível captar o bebê em diversos ângulos. O gel abdominal deve ser aquecido para maior comodidade da mulher.
A duração do exame é muito variável, pois depende da presença ou não de alterações. Enquanto exames totalmente normais duram em torno de 20 a 25 minutos, exames com grandes alterações podem levar mais de uma hora.
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Como funciona o ultrassom obstétrico com Doppler?
A ultrassonografia obstétrica com Doppler tem como objetivo obter a velocidade de fluxo de alguns vasos, sendo fundamental para avaliação de vitalidade fetal, anatomia e predição de doenças como a pré-eclâmpsia e a restrição de crescimento fetal.
Hoje em dia, uma adequada ultrassonografia obstétrica não pode ser realizada sem a Dopplervelocimetria colorida e pulsada. Por exemplo, para ouvir o som do coração do bebê, utilizamos o Doppler.
Quando a placenta deixa de funcionar adequadamente, há menor quantidade de oxigênio chegando ao feto. A solução que o feto encontra é realizar dois mecanismos de defesa:
- Priorizar os órgãos nobres, que são cérebro, coração e suprarrenal. O bebê reduz a resistência dos vasos que nutrem estes órgãos, o que faz chegar mais sangue a eles.
- Para que se aumente a pressão de chegada aos órgãos nobres, há aumento da resistência da via de saída do sangue fetal, que é a artéria umbilical.
Este mecanismo é chamado de centralização de fluxo e é característico da alteração da vitalidade fetal.
Com 12 semanas de gestação, é realizada a ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre. Junto a ela, é realizada uma anamnese cuidadosa, a medição da pressão arterial e a Dopplervelocimetria das artérias uterinas. Esse conjunto de procedimentos pode predizer a ocorrência de pré-eclâmpsia (pressão alta da forma grave) e de restrição de crescimento fetal. O uso da aspirina, nestas situações, pode reduzir o risco de pré-eclâmpsia com menos de 34 semanas em cerca de 80%.
Quando fazer a primeira ultrassonografia obstétrica?
A primeira ultrassonografia obstétrica costuma ser indicada após 6 semanas de gestação e tem como principais objetivos:
- Localização correta: a gravidez nas trompas pode ser diagnosticada nesta época, principalmente com beta hCG > 2000UI;
- Confirmar a idade gestacional: o ultrassom tem um erro máximo de 5 dias quando realizado entre 6 e 9 semanas;
- Vitalidade embrionária: após 6 semanas é possível a visibilização dos batimentos cardíacos;
- Número de embriões: é importante verificar se há gemelaridade, pois existe um aumento de riscos nas gestações múltiplas.
O que a ultrassonografia obstétrica pode detectar?
Além de todas as funções da ultrassonografia obstétrica já discutidas neste artigo, no segundo e terceiro trimestres ela pode dar importantes informações clínicas sobre:
- Posição do feto;
- Vitalidade fetal;
- Anatomia fetal;
- Peso e crescimento;
- Placenta;
- Cordão umbilical;
- Líquido amniótico;
- Colo uterino curto.
Um aspecto pouco discutido da ultrassonografia obstétrica diz respeito aos impactos psicológicos maternos e paternos em relação à gestação. Há necessidade de uma abordagem individualizada para redução da ansiedade familiar. Ressalta-se que no primeiro trimestre a mulher não sente as movimentações fetais, e a ultrassonografia torna-se a principal forma de realização psíquica da maternidade e paternidade. Este contato, mais real com o advento das tecnologias de ultrassonografia 3D e 4D, pode fazer com que a mulher realize a maternidade mais precocemente, reduzindo o risco de blues e depressão puerperal.
Ultrassom obstétrico descobre o sexo do bebê?
Durante a ultrassonografia obstétrica morfológica de primeiro trimestre, pelo menos acima de 12 semanas e 3 dias, é possível ter uma acurácia de mais de 90% na detecção do sexo fetal. Essa determinação tem bastante influência da experiência do examinador, mas, de fato, não há como garantir 100% de precisão. Após 16 semanas, dificilmente a ultrassonografia erra o sexo fetal, reservando-se aos casos de malformação genital.
O momento de descoberta do sexo do bebê é um marco na gestação e deve ser dada a devida importância e carinho pelo médico que transmite a informação.
Esperamos ter esclarecido a maioria das dúvidas a respeito da ultrassonografia obstétrica; entretanto, é importante lembrar que se trata de um exame extremamente importante e tecnicamente muito difícil, pois exige conhecimento de ultrassom e de Obstetrícia. Se for realizado por profissional pouco experiente ou sem conhecimento sobre a fisiologia feto-materna, pode levar a conclusões incorretas e a consequências muito graves, como a prematuridade extrema e cesáreas desnecessárias.
O Prof. Dr. Alan Hatanaka possui residência, especialização, credenciamento internacional (FMF 40017) e título de especialista em Medicina Fetal (RQE 51.384-1), além de publicar e ensinar sobre o assunto.
Para saber mais sobre ultrassonografia obstétrica, entre em contato e agende sua consulta.
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