As mídias sociais vêm bombardeando as mulheres com notícias sobre milagres da suplementação vitamínica. Veja aqui o que a ciência realmente tem a dizer sobre as vitaminas e o parto prematuro.
Neste artigo, você descobrirá o que a ciência realmente diz sobre o poder dos alimentos e vitaminas na gestação para reduzir os riscos da prematuridade. Saiba quais estratégias você deve priorizar – e quais precisa evitar – para uma gestação mais tranquila e saudável.
O parto prematuro é uma das maiores preocupações da gestação e uma das principais causas de mortalidade em crianças menores de cinco anos no mundo. No Brasil, a condição afeta cerca de 10% dos nascimentos, representando um desafio imenso para a saúde materno-infantil [1]. Diante deste cenário, uma pergunta se torna central: o manejo correto de alimentos e vitaminas na gestação pode prevenir o parto prematuro?
A resposta é sim. Evidências científicas robustas mostram que uma nutrição gestacional estratégica desempenha um papel fundamental na prevenção desta complicação.
O Ponto de Partida: Por Que seu Estado Nutricional é Crucial?
Dados recentes do Brasil mostram uma tendência preocupante: entre 2008 e 2023, o percentual de gestantes com sobrepeso subiu de 22% para 29%, e a obesidade mais do que dobrou, de 11% para 25% [1]. Estes números são um sinal de alerta, pois o estado nutricional, ligado aos alimentos e vitaminas na gestação, é um pilar na prevenção da prematuridade.
Uma análise internacional com quase 29 milhões de gestações foi clara: tanto o baixo peso quanto a obesidade antes da gravidez aumentam o risco de parto prematuro [2]. Mulheres com baixo peso (IMC <19 kg/m²) apresentaram um risco quase três vezes maior de parto prematuro espontâneo [3]. Assim, manter um peso adequado por meio de uma dieta balanceada é uma estratégia primordial.
A Base de Tudo: O Poder de um Padrão Alimentar Saudável
Uma meta-análise de 2019, que avaliou mais de 167 mil mulheres, confirmou que um padrão alimentar saudável está ligado a um menor risco de prematuridade [4]. Isso reforça a importância de escolher alimentos e vitaminas na gestação de forma consciente.
- Padrão Protetor (Risco 21% menor): Dietas ricas em vegetais, frutas, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e proteínas magras.
- Padrão de Risco (Risco 17% maior): Dietas com alto consumo de grãos refinados, carnes processadas e alimentos ricos em gordura saturada ou açúcar.
Esses dados mostram que escolhas nutricionais inteligentes são uma ferramenta poderosa.

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Alimentos a serem evitados para reduzir o risco de parto prematuro
Uma vez que há uma relação direta entre nutrição materna e parto prematuro, a alimentação durante a gestação deve ser cuidadosamente planejada não apenas para garantir a ingestão de nutrientes essenciais, mas para evitar alimentos que possam representar riscos à saúde da mãe e do bebê.
Embora não haja evidências científicas diretas que liguem certos alimentos ao parto prematuro, muitos deles podem contribuir para complicações que aumentam esse risco. Entre eles, estão:
- Alimentos ultraprocessados;
- Açúcares refinados;
- Cafeína em excesso;
- Alimentos crus e malcozidos;
- Alimentos ricos em flavonoides ingeridos em altas concentrações, como sucos de uva concentrados.
Evitar esses alimentos pode ajudar a reduzir riscos desnecessários e contribuir para uma gestação mais saudável.
Ômega-3: Cápsula ou Salmão no Prato? O que a Ciência Diz
A discussão sobre ômega-3 exemplifica como as evidências sobre alimentos e vitaminas na gestação podem ser mal interpretadas. Uma revisão Cochrane de 2018 sugeriu que o ômega-3 reduzia o risco de parto prematuro [5]. No entanto, essa revisão apresentou falhas metodológicas ao misturar estudos de suplementação com estudos de dieta rica em peixes, confundindo os resultados [6].
Quando a ciência focou na suplementação isolada de ômega-3, os benefícios não se confirmaram [7]. Já os estudos sobre o consumo de peixe na dieta demonstram benefícios consistentes [8]. A explicação provável é que o peixe oferece um conjunto sinérgico de nutrientes, algo que a cápsula isolada não replica.
Recomendação Estratégica: Peixes Seguros e Ricos em Ômega-3
A recomendação da FDA é de 2 a 3 porções semanais de peixes com baixo teor de mercúrio [9]. As melhores escolhas incluem:
- Excelentes Fontes: Salmão (cativeiro ou selvagem), Arenque, Anchova e Sardinha.
- A Evitar (alto mercúrio): Cação/Tubarão, Cavala e Atum Big Eye.
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Proteínas: Os Alicerces para o Desenvolvimento Saudável
A ingestão adequada de proteínas é um componente crítico dos alimentos e vitaminas na gestação. Estudos mostram que gestantes com níveis proteicos adequados têm menor risco de nascimentos prematuros [10,11]. Além disso, a suplementação proteica balanceada, quando necessária, reduz o risco de bebês pequenos para a idade gestacional.
O Universo dos Suplementos: O que é Essencial e o que é Exagero?
O mercado de suplementos é vasto, mas quais realmente têm eficácia comprovada na prevenção da prematuridade?
Ciência em Resumo: Suplementos na Gestação
- Polivitamínicos (com Ferro e Ácido Fólico): EFICAZES. A evidência Cochrane mostra que a suplementação com múltiplos micronutrientes, iniciada antes de 20 semanas, reduz o risco de parto prematuro entre 11% e 16% [12,13].
- Vitamina D: EVIDÊNCIA LIMITADA. Apesar de sua importância, a ciência não confirma que sua suplementação previna o parto prematuro de forma consistente [14].
- Vitamina C: NÃO RECOMENDADO. As evidências mais recentes não mostram benefícios na prevenção [15]. Altas doses podem aumentar o risco de parto prematuro, exigindo cautela [16].
Alerta no Prato: 5 Grupos de Alimentos com Risco Associado
Alguns alimentos podem aumentar o risco de complicações. É fundamental saber o que evitar na escolha de alimentos e vitaminas na gestação.
- Alimentos Ultraprocessados: Seu alto consumo aumenta o risco de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, condições que podem levar à prematuridade [17,18].
- Bebidas Açucaradas: O consumo elevado (4 ou mais copos de refrigerante por dia) pode aumentar em até 80% o risco de parto prematuro [19].
- Bebidas com Adoçantes Artificiais: Aumentam a chance de prematuridade em até 38% com consumo diário [20].
- Álcool: Não existe dose segura. O consumo pesado aumenta o risco de parto prematuro em 32% e o de restrição de crescimento fetal em 120% [21].
- Cafeína em Excesso: O consumo acima de 200 mg/dia foi associado a um pequeno aumento no risco de prematuridade e a um risco mais significativo de baixo peso ao nascer [22,23].

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Probióticos na Gestação: Uma Promessa em Xeque
A saúde da microbiota é importante, mas os probióticos não se confirmaram como uma estratégia eficaz para prevenir o parto prematuro [24]. Diante da falta de benefícios comprovados, seu uso como prevenção não se justifica atualmente.
Suplementos da Moda (Melatonina, Creatina, CoQ10): Faltam Provas
É preciso cautela com modismos:
- Melatonina: Sua segurança na gravidez não foi estabelecida [25].
- Creatina: Faltam estudos de segurança e eficácia na prevenção da prematuridade [26].
- Coenzima Q10: A ciência é baseada em correlações, sem provas de causalidade ou dados robustos de segurança [27].
Navegando a Complexidade: O Papel do Acompanhamento Especializado
Alguns alimentos podem aumentar o risco de complicações. É fundamental saber o que evitar na escolha de alimentos e vitaminas na gestação.
Conclusão: Nutrição Estratégica para uma Gravidez Segura
As evidências são claras: a gestão correta de alimentos e vitaminas na gestação é uma ferramenta poderosa para modular a inflamação e otimizar o desenvolvimento placentário.
Cada gestação é única, e um plano nutricional individualizado é o caminho mais eficaz. O acompanhamento de um especialista em parto prematuro faz toda a diferença.
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