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Pessário para prevenção da prematuridade
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

Saiba tudo sobre essa técnica para prevenção do parto prematuro

O que é o pessário?

O pessário cervical é um dispositivo de silicone, flexível, semelhante a um “donut”, que é colocado por via vaginal, com o objetivo de evitar o parto prematuro em algumas condições bem específicas. É diferente do pessário vaginal para prolapso genital, que é bem menor e não serve para prevenção do parto prematuro.

O interesse sobre o uso do pessário aumentou após importante estudo publicado na revista Lancet pelo grupo de Barcelona. Esse trabalho demonstrou redução do risco de parto prematuro em mulheres com comprimento do colo uterino < 25 mm após o uso do pessário. Diversos estudos surgiram, após essa data, com resultados conflitantes, mas sempre com uma característica: trabalhos em que há treinamento para a colocação tiveram bons resultados, e locais onde não houve treinamento prévio tiveram resultados semelhantes à progesterona.

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Existem dois tipos básicos de pessário, o de Arabin e o AM. O de Arabin trata-se do pessário europeu: mais mole, com cor azul ou translúcida, e que possui diversos tamanhos. Os trabalhos europeus utilizaram esse pessário. O AM é um pessário nacional: amarelo, mais rígido e com “dentinhos” no orifício interno que se aderem ao colo.

Neste conteúdo, ainda abordaremos questões como:

  • A funcionalidade do pessário;
  • Quando o uso do dispositivo é indicado;
  • O uso do pessário e as relações sexuais.

Continue a leitura e confira!

Para que serve e como funciona?

O pessário surgiu como uma tentativa de evitar a doença que mais vitimiza crianças no primeiro ano de vida, a prematuridade.

O colo uterino é a parte de baixo do órgão, que fica em contato com a vagina e tem seu comprimento reduzido e sua abertura dilatada no momento do parto.

Diversos fatores podem desencadear um encurtamento anormal do colo uterino durante a gestação, como infecções, malformações do útero, gestação gemelar, alterações anatômicas do colo uterino, entre outros.

Nas pacientes que apresentam encurtamento anormal do colo uterino, o pessário pode ser indicado. O principal objetivo é modificar o ângulo cervical. Isso reduz a força exercida pelo feto na parte interna do colo, podendo evitar seu encurtamento e dilatação.

O pessário é colocado em ambiente ambulatorial, mas a técnica e a experiência são fundamentais. Um estudo publicado pelo grupo de prematuridade da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, cujo setor de ultrassonografia é coordenado pelo Prof. Dr. Alan Hatanaka, demonstrou que são necessárias cerca de 30 colocações de pessário para que os resultados sejam favoráveis.

Quando o uso do pessário cervical é indicado?

A medida do comprimento do colo uterino, observada por meio da ultrassonografia transvaginal, pode predizer se aquela mulher terá parto prematuro. A colocação do pessário deve ser realizada nas pacientes de alto risco a partir de 16 semanas; e nas de baixo risco, durante a ultrassonografia morfológica de segundo trimestre. Quanto mais curto o colo, maior o risco de parto prematuro.

Em pacientes com comprimento do colo uterino inferior a 25 mm, é consenso internacional que tenhamos que utilizar a progesterona natural micronizada por via vaginal. Ela reduz a chance de parto prematuro em cerca de 1/3.

Mas será que, para a mulher com colo curto, reduzir em 1/3 o risco da doença que mais mata e causa sequelas para um recém-nascido é suficiente? A resposta é unânime: “Não”.

Dr. Alan Hatanaka

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O pessário serve exatamente essa população que tem o colo uterino curto, principalmente as mulheres com colo ≤ 20 mm e que não têm história típica de insuficiência istmocervical, situação em que devem realizar cerclagem. A cerclagem será abordada em post separado.

O maior estudo randomizado sobre o pessário foi publicado em 2022, e o Prof. Dr. Alan Hatanaka fez parte do trabalho. Foi demonstrado que o uso do pessário em mulheres com colo ≤ 25 mm reduziu o risco de parto com 34 semanas, ou menos, de 13,9% para 9,9% quando comparado ao uso de progesterona.

É muito importante frisar que o pessário não deve ser utilizado em situações em que a gestante apresenta infecções, sangramento, contrações uterinas, malformações fetais e inserção baixa de placenta. Também não deve ser utilizado como substituto da cerclagem, pois eles têm indicações diferentes.

Quem usa pessário pode ter relações sexuais?

Não! Sem exceções!

O pessário cervical para prevenção da prematuridade é completamente diferente do pessário vaginal para prolapso genital. Ter relações certamente movimentará o pessário e machucará o colo uterino. Isso gera um processo inflamatório, que pode desencadear o parto prematuro. As relações sexuais com o pessário aumentarão a chance de infecções vaginais, que também produzem um processo inflamatório e um consequente parto prematuro. Por fim, a prótese é dura e machucará o genital masculino.

É importante ressaltar que o Prof. Dr. Alan Hatanaka não tem qualquer relação com as indústrias que produzem o pessário, tampouco com as indústrias farmacêuticas que produzem a progesterona.

Saber indicar e, principalmente, contraindicar a colocação do pessário é o princípio básico para o sucesso do tratamento. Há comprovação científica de que é fundamental ter experiência com a técnica de colocação do dispositivo para que exista prevenção do parto prematuro.

Antes da colocação do pessário, é muito importante acolher a mulher, pois trata-se de um momento extremamente delicado. Sem dúvida, a informação com dados científicos trará segurança e dará autonomia para a mulher decidir, junto com o obstetra, sobre o uso do método.

Para maiores informações sobre o uso do pessário, agende uma consulta com o Prof. Dr. Alan Hatanaka.

 

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