Por meio de um pré-natal adequado, é possível reduzir as possibilidades de um parto prematuro e seus riscos
A prematuridade — ou parto pré-termo — é definida como o nascimento do bebê antes de chegar à 37ª semana de gestação (1). Como o próprio nome diz, ser prematuro significa nascer antes da hora, ou seja, não estar com o funcionamento do corpo pronto para o nascimento. Embora o principal receio dos casais sejam os pulmões, sabemos que inúmeros outros problemas, como os cerebrais, cardíacos, intestinais, visuais, auditivos e de cognição, são tão preocupantes quanto a questão respiratória.
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O termo que as mulheres criaram para resumir o tamanho do impacto para uma família ao ter um bebê na unidade de terapia intensiva é esclarecedor: “sou mãe de UTI”. Para essas famílias, existem “os dias bons e os dias não tão bons…”, e como uma verdadeira montanha-russa, os dias lentamente passam, gerando enorme sofrimento emocional a toda a família. Ao obstetra é reservada a responsabilidade de continuar o acolhimento mesmo após o nascimento, permanecendo dando apoio e oferecendo serviços individualizados em neonatologia e psicologia neonatal.
O Prof. Alan Hatanaka possui em sua equipe neonatologistas e psicólogos especializados em prematuridade, que são capazes de oferecer adequada assistência às famílias nesse momento tão sensível.
Riscos do parto prematuro para o bebê
Os riscos da prematuridade para o bebê são maiores quando mais cedo acontece o parto, o que levou a prematuridade a ser dividida em grupos de idades gestacionais (2):
- Pré-termo tardio: entre 34 e 36 semanas e 6 dias;
- Pré-termo moderado: entre 32 e 33 semanas e 6 dias;
- Muito prematuro: entre 28 e 31 semanas e 6 dias;
- Pré-termo extremo: entre 20 e 27 semanas e 6 dias.
Dados americanos mostram que crianças nascidas com 36 semanas têm chances de 2% de apresentar sequelas graves. Com 33 semanas, esse risco dobra para 4%, e o risco de óbito neonatal passa a ser significativo, com cerca de 0,2%. Bebês nascidos com 31 semanas dobram novamente o risco de sequelas graves (8%), apresentando risco de óbito neonatal de 1%. Os recém-nascidos de 27 semanas apresentam risco de sequelas graves 20 vezes maior que uma criança nascida com 36 semanas. Há ainda 40% de chances de sequelas graves e 8% de chances de óbito neonatal (3).
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Preocupantes dados do DATASUS revelam que, no Brasil, as taxas de nascimento prematuro antes de 32 semanas e 28 semanas não reduziram desde 2010, demonstrando a necessidade do acompanhamento pré-natal iniciado antes mesmo das gestantes estarem grávidas (4).
As doenças causadas pela prematuridade podem ser divididas em leves ou graves pelos trabalhos científicos. Mas mesmo que as intercorrências consideradas leves não deixem sequelas físicas permanentes, para os pais e para o bebê podem deixar sequelas emocionais irreversíveis.
São consideradas consequências graves:
- Hemorragia intraventricular graus III ou IV (sangramentos mais graves no cérebro);
- Convulsões;
- Encefalopatia hipóxico-isquêmica (falta de oxigenação cerebral gerando doença cerebral);
- Enterocolite necrotizante estágios II e III (falta de oxigênio no intestino);
- Hipertensão pulmonar persistente;
- Displasia broncopulmonar (falta de desenvolvimento e funcionamento grave nos brônquios e no pulmão).
São consideradas consequências leves:
- Hemorragia intraventricular graus I ou II (sangramentos leves no cérebro);
- Enterocolite necrotizante estágio I (falta de oxigênio leve no intestino);
- Hiperbilirrubinemia, necessitando tratamento (bebê que fica amarelado pela bilirrubina, necessitando de fototerapia com uma luz azulada);
- Hipotensão, necessitando de tratamento (queda da pressão que necessita de tratamento).
Cuidados com um bebê prematuro
É impossível definir os cuidados comuns a todos os bebês pré-termo, pois, a depender da semana em que o parto ocorre, os riscos da prematuridade para o bebê são diferentes. Assim, o acompanhamento de puericultura com o pediatra especializado em prematuridade é uma medida indispensável para definir os cuidados individualizados a cada bebê, seja com relação à alimentação, ao monitoramento da respiração ou ao suporte para um adequado desenvolvimento neuropsicomotor.
É possível evitar o parto prematuro?
A Organização Mundial de Saúde revela em importante documento publicado em 2013, o “Born Too Soon”, que a maioria dos óbitos por prematuridade no mundo são evitáveis (2,5,6). Embora nem todos os partos pré-termo sejam evitáveis, muitos podem ser prevenidos.
O Prof. Alan Hatanaka é um dos pesquisadores pioneiros que defende que a prematuridade só poderá ser evitada no Brasil com uma grande campanha de conscientização da importância de iniciar o pré-natal antes mesmo da gestação, a chamada consulta pré-concepcional.
Nessa consulta, serão tratadas inúmeras doenças que podem aumentar o risco de parto prematuro, e que não tem efetividade na redução da prematuridade quando a mulher já está grávida. As principais, sem dúvida, são:
- Estilo de vida saudável;
- Índice de massa corporal adequado (IMC entre 19 e 24);
- Tratamento de infecções (principalmente as vaginais e as sexualmente transmissíveis);
- Tratamento de doenças ginecológicas (leiomioma, útero septado, endometriose, adenomiose, dentre outras);
- Tratamento de doenças clínicas (doenças da tireoide, hipertensão, diabetes, doenças neurológicas, autoimunes, dentre outras);
- Suplementação vitamínica adequada (o uso de ácido fólico é indispensável);
- Suspender o uso de álcool, tabaco e drogas;
Considerando que esses são justamente os principais fatores de risco para a prematuridade, fica evidente que o tratamento dessas doenças resultará na redução dos riscos da prematuridade para o bebê.
A importância do pré-natal
O Prof. Alan Hatanaka realizou uma análise dos dados do DATASUS sobre o impacto do pré-natal adequado na prematuridade, a qual divulgou em diversos Congressos e na publicação das recomendações SOGESP de 2023 (1). Nessa análise, demonstrou que em gestantes que realizam o pré-natal adequado, ou seja, 6 ou mais consultas, a taxa de nascimentos abaixo de 37 semanas é de 8,2%, ou seja, semelhante aos países desenvolvidos. Em contrapartida, àquelas que comparecem a menos de 6 consultas de pré-natal, esse número passa a alarmantes 19,1% (7).
Os riscos da prematuridade para o bebê devem sempre ser analisados em suas consequências de curto e longo prazo. Essas consequências podem ser graves e duradouras, além de também poderem ser físicas e psicológicas. A prevenção da prematuridade deve ser iniciada sempre antes da gravidez, época em que muitas condições causadoras de prematuridade podem ser tratadas. É fundamental que o pré-natal seja feito com obstetra atualizado com as evidências de maior qualidade existentes na literatura, mas que tenha como humanização sua primeira premissa.
A equipe do Prof. Alan Hatanaka está aguardando seu contato para iniciar a jornada de uma Gravidez Saudável e Segura!
Referência Bibliográfica
- Hatanaka AR, Souza E de, Ferreira EC, França MS, Souza RT. www.sogesp.com.br. 2022. Predição do Parto Pré-Termo – Recomendações SOGESP.
- Blencowe H, Cousens S, Chou D, Oestergaard M, Say L, Moller AB, et al. Born Too Soon: The global epidemiology of 15 million preterm births. Reprod Health. 2013;10(Suppl 1):S2.
- Manuck TA, Rice MM, Bailit JL, Grobman WA, Reddy UM, Wapner RJ, et al. Preterm neonatal morbidity and mortality by gestational age: a contemporary cohort. Am J Obstet Gynecol. 2016 Jul;215(1):103.e1-103.e14.
- Ministério da Saúde do Brasil. Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC – DATASUS [Internet]. [cited 2024 Feb 2]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
- World Health Organization. CC BY-NC-SA 3.0 IGO. Geneva; 2023 [cited 2023 Jul 14]. p. 1–126 Born too soon: decade of action on preterm birth. Available from: ttps:// creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/ igo).
- Bick DD. Born too soon: The global issue of preterm birth. Midwifery. 28(4):341–2.
- Ministério da Saúde do Brasil. DATASUS – Informações de Saúde – Nascidos Vivos [Internet]. 2022 [cited 2022 Aug 17]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def